Patologia dos Isquiotibiais

Rotura de isquiotibiais

Os Isquiotibiais (IT) são um grupo de músculos localizados na parte posterior da coxa, composto pelos músculos ceps Femoral ( BF), Semitendinoso (ST)  e Semimembranoso ( SM). Estes músculos desempenham um papel crucial na estabilização da bacia e no movimento da anca e do joelho. Eles também estão sujeitos a várias patologias que podem afetar a sua função e causar desconforto significativo.

Causas da Patologia dos Isquiotibiais:

Existem várias causas de patologia dos isquiotibiais.

A distensão ou lesão muscular, é a mais frequente,  ocorre quando os músculos são submetidos a um estiramento excessivo ou a uma tensão súbita. Isso pode acontecer durante atividades desportivas que exigem movimentos bruscos ou repentinos, como sprints, remates ou saltos, ou em  actividades de vida diária em que ha um estirar súbito destas estruturas.

Desequilíbrio muscular entre os isquiotibiais e os músculos da parte anterior da coxa, pode colocar uma pressão adicional sobre os isquiotibiais e aumentar o risco de lesões. Fatores como a falta de flexibilidade, fraqueza muscular, técnica inadequada durante exercícios físicos e desequilíbrio biomecânico também podem contribuir para o desenvolvimento de patologias nesta região.

Idiopático: com o avançar da idade há tendência para um desgaste natural dos tendões (tendinose), com fragilidade progressiva e mesmo roturas, as quais se apresentam com caracteristicas muito próprias.

 

Sintomas da Patologia dos Isquiotibiais:

Há que diferenciar duas situações clinicas:

            Lesões agudas, resultam de trauma ou estiramento súbito.

            Lesões crónicas, progressivas, que resultam de desequilíbrios funcionais, patologia degenerativa, ou patologia aguda nao tratada.

Os sintomas da patologia dos isquiotibiais podem variar dependendo do tipo e da gravidade da lesão. Os sintomas comuns incluem:

  1. Dor na parte posterior da coxa: pode variar de leve a intensa e piorar durante atividades que envolvem o uso dos isquiotibiais, como correr, pular ou esticar a perna. Dor na posição de sentado.
  2. Sensação de fraqueza. Diminuição na força de flexão do joelho.
  3. Atrofia muscular: diminuição da função e volume da musculatura posterior da coxa
  4. Edema: em casos mais graves, pode ocorrer inchaço ao redor da área afetada.
  5. Hematomas: nas situações agudas, podem surgir hematomas visíveis devido ao sangramento interno causado pela lesão, sugerindo avulso tendinosa e/ou rotura muscular

Tratamento da Patologia dos Isquiotibiais:

O tratamento da patologia dos isquiotibiais depende do tipo e  gravidade da lesão e das necessidades individuais do paciente. As opções de Tratamento Conservador incluem:

  1. Repouso e modificação de atividades: descansar a área afetada e evitar atividades que possam agravar a lesão, são medidas iniciais importantes para permitir a recuperaçã
  2. Terapia com gelo e calor: a aplicação alternada de compressas de gelo e calor pode ajudar a reduzir a dor, o edema e a inflamaçã
  3. Medicamentos e anti-inflamatórios: em alguns casos, medicamentos analgésicos ou anti-inflamatórios podem ser recomendados para aliviar a dor e a inflamaçã
  4. Fisioterapia: tratamentos locais e programa de exercícios de fortalecimento muscular, alongamento e técnicas de mobilização podem ajudar a tratar e reabilitar a área afetada e prevenir futuras lesões.
  5. Infiltrações locais: infiltração local com corticoide, PRP ou colagéneo pode ter indicação em alguma situações para controlo de inflamação local e algum efeito regenerativo.

 

O Tratamento Cirurgico: em determinados casos de lesão nos isquiotibiais, pode ser necessária a intervenção cirúrgica (endoscopía isquiática)

 

Quando temos uma rotura/desinserção tendinosa dos isquiotibiais, no isquio, pode ser necessária a sua re-inserção,  devendo esta ser realizada preferencialmente nas primeiras 2-4 semanas.

Nas patologias crónicas o tratamento cirúrgico pode ter lugar quando o tratamento conservador não é eficaz e os sintomas o justificam.

A Endoscopia Isquiática é uma técnica cirúrgica avançada e desempenha um papel importante no tratamento da patologia da região isquiática e isquiotibiais

Durante o procedimento de endoscopia isquiática, um endoscópio (câmara) é inserido através de uma incisão mínima na região glútea posterior e por outra incisão semelhante são introduzidos os instrumentos cirúrgicos. Isto permite que o cirurgião visualize diretamente a área afetada e avalie as lesões. Com essa visualização direta, o cirurgião é capaz de identificar com precisão a região isquiática, os tendões isquiotibiais e nervo ciático

Usando instrumentos especializados inseridos através de incisões adicionais, o cirurgião pode então realizar limpeza de tecidos inflamados, remover algum componente ósseo em excesso, desbridar e re-inserir os isquiotibiais. Isso pode envolver a fixação dos tendões dos isquiotibiais de volta aos pontos de fixação óssea usando técnicas de sutura com âncoras.

A endoscopia isquiática oferece várias vantagens. Além da visualização direta e precisa, esta abordagem minimamente invasiva resulta em menor trauma para os tecidos circundantes, reduzindo o risco de complicações e acelerando o processo de recuperação.

Após o procedimento, é necessário seguir um programa de reabilitação que envolve fisioterapia e exercícios específicos para fortalecer e alongar os músculos isquiotibiais, bem como para restaurar a mobilidade e a função adequada da região.