Trocanterite

Sindrome Doloroso do Grande Trocanter - Trocanterite - Bursite Trocanterica

A Síndrome Doloroso do Grande Trocanter ( SDGT) é uma condição dolorosa que afeta a região do grande trocanter do fémur , localizado na parte externa da anca. Esta condição inclui componentes de trocanterite, bursite trocantérica, fasceíte trocantérica, anca de ressalto externo, tendinopatia  e mesmo rotura dos curto e médio nadegueiros, denominacoes frequentemente usadas no diagnostico desde síndrome.

Esta patologia é muito frequente nas mulheres, sobretudo após os 40 anos de idade, pode atingir 10% – 25% da população.

Devem ser despistados diagnósticos  diferenciais (dor irradiada da coluna lombar e sacro-iliacas; dor de origem extra-articular da anca, como síndrome piramidal/SESG, conflito isquiofemoral, tendinopatia  isquiática; dor de origem articular da anca)

O SDGT pode ser causado por uma série de fatores, incluindo:

Sobrecarga ou uso excessivo: atividades repetitivas que envolvem o movimento de rotação da anca, como correr, saltar ou subir escadas, podem levar à irritação e inflamação da bursa sinovial e tendinopatia dos glúteos

Lesões traumáticas: quedas, impactos diretos na região da anca ou lesões desportivas podem causar a trocanterite.

Desiquilibrio biomecânico: problemas de alinhamento da anca ou coluna, como diferenças no comprimento das pernas ou alterações na marcha, podem aumentar o stress na região trocantérica e levar ao desenvolvimento da condição.

Idiopático: Na grande maioria das vezes nao se encontra uma causa definida, a dor surge progressivamente, sendo frequente nas mulheres após os 40s

 

Os sintomas podem variar de pessoa para pessoa, mas geralmente incluem:

Dor na região da anca: a dor é tipicamente sentida na parte externa da anca e pode estender-se pela face lateral e posterior da coxa, podendo mesmo simular uma “dor ciática”. A intensidade da dor pode variar de leve a intensa.

Dor na cama deitada de lado: caracteristicamente esta dor é exacerbada quando o paciente está deitado de lado, sobretudo sobre o lado afetado.

Dor ao caminhar ou subir escadas: atividades que envolvem o movimento da anca podem aumentar a dor.

Sensibilidade ao toque: a região do trocantérica está sensível ao toque ou pressão, sendo frequente que não consigam deitar-se sobre a anca afectada

 

A avaliação e estudo de qualquer paciente deve começar por uma completa história clinica (saber o que dói, quando, como, porquê; que articulações são atingidas, outros sintomas, outros problemas, ….) e por um cuidado exame físico ( observar; palpar; mobilizar, efetuar manobras provocadoras, …)

O estudo com Raio X, é geralmente normal, podendo evidenciar em alguns casos uma calcificação peritrocanterica. .

O estudo com Eco e RM pode ser efectuado, para avaliar a articulação e as estruturas peri-articulares. 

A Ecografia é sobretudo útil nos casos de anca de ressalto, pois pode confirmar de forma inequívoca, a origem do mesmo e na visualização de calcificações

A RM  é o estudo por excelência para as partes moles, sendo o exame que melhor permite caracterizar a existencia de lesões, de patologia, na fascia e bursa trocantericas e nos tendões nadegueiros.

 

O tratamento da trocanterite geralmente envolve  tratamento conservador e pode incluir:

Repouso e moderação das atividades: evitar atividades que agravem a dor

Aplicação de gelo: a aplicação de gelo na região afetada pode ajudar a reduzir a inflamação e aliviar a dor.

Medicamentos anti-inflamatórios não esteróides (AINEs): medicamentos como ibuprofeno podem ajudar a reduzir a dor e a inflamação.

Fisioterapia: um fisioterapeuta pode aplicar alguns tratamentos e desenvolver um programa de exercícios específicos para fortalecer os músculos ao redor da anca, melhorar a estabilidade e promover a recuperação.

Infiltrações: em casos mais graves, pode ser considerada a administração de infiltrações para reduzir a inflamação e aliviar a dor. Podem ser usados corticoide local, plasma rico em plaquetas (PRP) ou colagéneo.

 

Quando o tratamento conservador não é eficaz, e os sintomas o justificam, pode ser necessário considerar o tratamento cirúrgico.

 

O tratamento cirúrgico tem apenas indicação num pequeno numero de casos, em que as medidas conservadoras falharam. Casos de dor, persistente ou recorrente, e incapacitante.

Cirurgia Aberta, com incisão dos varios plano cirúrgicos.

Cirurgia Endoscópica em que a zona doente é abordada por técnica endoscópica, através de 2 ou mais orificios cutâneos.

A Endoscopia Trocantérica é uma técnica avançada e minimamente invasiva usada no diagnóstico e tratamento do SDGT. Permite uma visualização direta e precisa das estruturas afetadas, proporcionando uma série de benefícios em comparação com técnicas abertas, mais invasivas.

A cirurgia endoscópica utiliza um endoscópio inserido por meio de uma pequena incisão na região trocantérica da anca. Isso permite que o cirurgião visualize claramente a área afetada, incluindo a bolsa sinovial inflamada e outras estruturas adjacentes, fascia lata, tendões do pequeno e médio glúteos. Através de outra ( ou se necessário, outras)  pequena incisão sao introduzidas canulas de trabalho, permitindo a fasciotomia, a bursectomia e a sutura dos tendões.

Durante o procedimento de endoscopia trocantérica, o paciente é geralmente colocado sob anestesia geral ou regional.

Dependendo do diagnóstico, o cirurgião pode realizar procedimentos terapêuticos, como remoção de tecido inflamado, libertação de aderências ou reparação de roturas dos nadegueiros.

Na rotura de tendões gluteos pequeno e médio, a reinserção/sutura dos glúteos, também conhecida como reconstrução do tendão glúteo médio e mínimo, é um procedimento cirúrgico utilizado para tratar estas lesões. O procedimento de reinserção dos nadegueiros envolve a fixação do tendão lesado ao osso, podendo utilizar-se âncoras e suturas especiais para garantir uma fixação segura e duradoura.

Esses tendões desempenham um papel fundamental na estabilidade e função da anca permitindo movimentos como a abdução  e têm particular importância no equilíbrio da marcha e na estabilidade da anca.

  1. Visualização direta: a endoscopia trocantérica proporciona uma visão direta e detalhada das estruturas esta região, permitindo um correcto tratamento e a identificação precisa de lesões adicionais.
  2. Menor trauma dos tecidos: devido à abordagem minimamente invasiva, a endoscopia trocantérica causa menos trauma aos tecidos circundantes, resultando em menor dor pós-operatória, menos cicatrizes e recuperação mais rápida.
  3. Recuperação mais rápida: devido ao menor trauma nos tecidos, os pacientes submetidos à endoscopia trocantérica geralmente apresentam uma recuperação mais rápida e podem retornar às atividades normais em um período mais curto de tempo.